Muito se tem falado, na atual “pós modernidade”, da explosão de blogs, Twitters, You Tube e tudo mais. As críticas se resumem no fato de, agora, todos são produtores de conhecimento e conteúdo. E se você está lendo o meu blog, significa que eu também estou arrolado neste processo.
É verdade. É a mais pura verdade! Mas o que é ser amador? Será que um profissional também não é um pouco amador na sua profissão? Quantas vezes encontramos sujeitos que mal sabem falar, andar e até respirar e fazem o maior sucesso?
E é justamente aí que mora o X da questão: até a explosão da “bolha” da Internet, as pessoas ficaram confinadas e sujeitas ao “domínio” de “formadores de opinião”. Pessoas ou grupos de, que selecionavam aqueli que era o “melhor” conteúdo para ser assistido, ouvido, aplaudido. Agora, você tira suas próprias conclusões. E os exemplos não são poucos.
Quando se fala de música, o negócio chega a ficar cômico. Pensemos. Quantas vezes só tomamos conhecimento de determinado artista ou grupo musical, vendo um clipe – que foi pago para ser feito e para ser exibido – ou escutando uma música no rádio – que foi paga para ser tocada. E esse determinado artista acaba sendo empurrado e repetido tantas vezes, que você acaba achando que ele é palatável e caindo no seu gosto. Pronto! O trabalho dos formadores de opinião está feito! Leia-se: conseguimos vender nosso produto.
No entanto, se você for uma pessoa com o mínimo de inteligência e força de vontade, basta sair procurando qualquer blog que ofereça disco de toda parte do mundo ou ter programas como Emule, Lphant, Limewire que compartilham arquivos com pessoas de todo o mundo e daí por diante ir fazendo conexões com os outros milhões de blogs e pessoas que oferecem esse tipo de serviço. Isso claro, se você não quiser fazer parte da chamada “pirataria virtual”. Porque esses cd’s foram adquiridos de alguma forma e disponibilizados para download. Como eu não ligo para isso por um motivo óbvio: para mim só interessa ter uma vasta discoteca dos mais variados estilos e com músicas que eu goste.
Se formos de falar de filmes, o buraco é o mesmo. Procure Torrents para usar nos programas que já mencionei, ou catar outros blogs que também já disponibilizam o filme completo, com legendas e tudo mais. Sem falar que muitos são especializados em séries de TV e você pode baixar todas as temporadas e todos os episódios sem pagar um absurdo de caro nos boxes que custam o olho da cara e só saem quando você já nem é mais tão fã assim.
No entanto, comecei falando da produção de conteúdo. Muitas pessoas colocam vídeos com suas “apresentações”, seus próprios clipes quando têm uma banda, fazem um programa de rádio como eu faço com o Barulho do Daesse, etc. E o que mais incomoda as pessoas é justamente isso: as ferramentas estão disponíveis, se ninguém usá-las, ficam obsoletas e estaremos atendendo ao desejo daqueles que criticam os “formadores de conteúdo independente”.
O principal argumento dessas pessoas é que muitas vezes, muitas fezes vão parar na rede, prejudicando muitas pessoas, prejudicando a carreira de um artista, ou que muita coisa nem é tão relevante assim. Porém, a discussão deve se dar em duas frentes: primeiro, realmente existe muito conteúdo ruim. Mas que pode ser uma maravilha e uma obra de arte para outra pessoa. Segundo, o fato de existir tantas pessoas disponibilizando, por exemplo cd’s e músicas e filmes, se dá pelo alto preço que se paga por esses produtos.
Quando um dos últimos discos do Rappa saiu, perguntaram ao Falcão como podia o cd custar algo em torno de 30 Reais, quando o salário mínimo girava em torno de 300 e alguma coisa, ou seja, o cd custava 10% do salário mínimo. Ele gaguejou , titubeou e não deu uma resposta convincente. E é aí que está um dos principais argumentos para a pirataria: o preço das coisas.
Quanto à músicas, vídeos e afins que circulam pela rede, ora bolas, antes para se conseguir gravar um disco, era preciso enviar uma fita ou cd demo (de demonstração) para a gravadora para eles aprovarem e analisarem se aquele material seria “vendável”. E quantas bandas e artistas já vimos se apresentando por aí, que são bons e nunca vimos um cd deles tocando no rádio ou à venda?
E a lista pode se estender para os livros, para programas de tv – porque também dá para produzir um programa dentro de casa, foi assim que o programa Hermes e Renato começou. A lista é quase infinita.
Portanto, continue baixando seus filmes e discos sem culpa. Faça upload de seus vídeos e programas sem achar que ele é ruim. Quantos programas de televisão você odeia há mais de 10 anos e ele continua no ar? Não é porque você não gosta que ele não foi retirado da grade, é porque existem outras pessoas que adoram. Você só precisa encontrar, ou não, quem gosta do que você está produzindo. Faça como este blog, minhas bobagens estão no hiperespaço, quem sabe um dia um estudante na Mongólia aprende português e se diverte com o que eu estou falando? Ter um fã é melhor do que não ter nenhum.
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