Poucas palavras, ou nenhuma delas me vem à cabeça facilmente para relatar tudo o que aconteceu no dia de hoje. Pela primeira vez, este blog adquire um tom confessional e relata o dia do escritor e mentor deste blog.
Não sei se todos sabem, mas sou professor de História. Trabalho na rede particular e... na Rede Estadual de ensino. Hoje, 08 de setembro, minha avó faria aniversário e se estivesse viva, colocaria as mãos na cabeça e se desesperaria como se desesperou quando em 92 viu a grade da arquibancada do Maracanã, se soltar e diversos torcedores caírem de um altura de mais ou menos 5 ou 6 metros. Ela se desesperou porque eu estava lá no Maracanã e hoje, se tivesse visto as imagens da televisão com certeza, e não sem motivo, colocaria as mãos na cabeça novamente e choraria enquanto eu não ligasse.
Numa manifestação pacífica e ordeira, professores da rede estadual realizaram passeata com destino à ALERJ (Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro), para exigir um direito que já fora conquistado há 19 anos atrás: a manutenção dos 12% de reajuste salarial a cada 5 anos. No entanto, o que pude constatar ao vivo, é algo que a população das favelas do Rio de Janeiro, protesta há tempos: a violência característica da Polícia Militar. Jamais vou entrar no discurso de dizer que a Corporação é violenta como um todo. Porém, como já dizia Renato Russo na música “Veraneio Vascaína”, “Pobre quando nasce com instinto assassino/ Sabe o que vai ser quando crescer, desde menino/ Ladrão pra roubar, marginal para matar/ Papai eu quero ser policial quando eu crescer”. O que acontece é que, para muitos homens que vestem aquela farda e carregam a insígnia de policial militar, não importa cor, classe, profissão, se os indivíduos não estiverem dentro do limite de ordem que ELES querem, a porrada “estanca”, o pau come.
Hoje, dentro de uma manifestação legítima e pacífica, impuseram a retirada da categoria do meio da rua e quem não saiu foi atacado. Um companheiro foi agredido, agarrado e enquanto os outros tentavam impedir sua prisão, foram jogados contra nós, professores, bombas de gás lacrimogêneo, spray de pimenta e tiros com bala de borracha. Lamentável.
Mais uma vez, os professores são agredidos. Justamente nós, que lutamos a cada dia para tentarmos ensinar a cidadania e a ordem a jovens e adolescentes, somos vítimas daquilo que sofrem os alunos e seus pais que, em algum momento, tiveram que enfrentar a truculência de marginais de farda. Se nós, numa manifestação política, ordeira, reinvidicatória dos nossos direitos, passamos por isso, imagine o que não passam aqueles que não são reconhecidos como habitantes e cidadãos por morarem numa favela. Se nós, que temos o esclarecimento necessário para não criar agitação, tumulto e desordem para reivindicar nossos direitos, sofremos a repressão policial; imagine o que aqueles que, pelo simples fato de se reunirem para pedir justiça, podem sofrer?
Por essas e muitas outras que vou procurar relatar nos próximos dias, apóie a greve dos professores. Apóie nosso direito de querer manter um mínimo de dignidade no salário que recebemos, para poder garantir o mínimo que um cidadão merece: Educação e Ensino.
As fotos a seguir, foram feitas com a câmera de meu celular, que não possui uma boa resolução, mas relatam, cronologicamente, os acontecimentos desta tarde no centro do Rio de Janeiro, onde professores só pediram o que JÁ É seu direito.
Saída da Passeata às 14:00
Início da Passeata
Cruzamento da Av. Rio Branco com Pres. Vargas
Professores de várias partes do estado vieram
Esse senhor e sua cachorrinha, se juntaram a nós e foram até a ALERJ
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